terça-feira, 3 de maio de 2016

CAPITÃO AMÉRICA: Guerra civil (2016)

Em 2011, os estúdios Marvel traziam aos cinemas “Capitão América: O primeiro vingador”, filme sessão da tarde, feito muito mais para apresentar outro dos personagens centrais da editora no cinema antes de sua grande cartada, que foi “Vingadores”, do que para satisfazer o desejo dos fãs. Isso se deve ao fato de que o Capitão América nunca ter sido o personagem mais querido da Marvel e muitas pessoas até o consideravam ultrapassado e brega, mas isso começou a mudar depois do sucesso da sequência de seu filme solo, “Capitão América: O soldado invernal”, de 2014, que chegou com um tom mais sério e produção de qualidade, consolidando o personagem não só como um líder dentro do universo Marvel, mas também como ícone e símbolo do que é o certo a se fazer. Esse aprofundamento e crescimento do personagem favoreceu o conflito de personalidade e interesses com a principal e mais marcante figura da editora no cinema, o Homem de ferro, que se anunciou no primeiro filme dos vingadores, se intensificou no segundo e chega às vias de fato em 2016, com o ótimo e divertidíssimo “Capitão América: Guerra civil”, que estreou dia 28/04 nesse Brasilzão em crise de meu Deus e que tive o prazer de assistir em um domingo gelado no sul do país.

O filme segue os acontecimentos de “Vingadores: A era de Ultron”, onde, no final, uma parte dos vingadores originais se afastou e um novo time de heróis, liderados pelo Capitão América, foi montado para seguir operando. E é em uma missão desse novo time, para capturar o vilão Ossos Cruzados, que o grupo acaba causando um acidente que dá movimento a trama. Wanda Maxmoff, a feiticeira escarlate, para salvar o capitão de um ataque suicida do vilão acaba atingindo um prédio, matando uma dezena de pessoas e ferindo outra centena e, esse evento faz com que as autoridades busquem alternativas para colocar limites nas atuações dos Vingadores ao redor do mundo e assim surge o acordo de sokovia (batizado assim em referência a cidade destruída por Ultron no segundo filme dos vingadores), onde os artigos mais relevantes se referem ao monitoramento dos super-seres e sua liberdade de atuação; sendo essa última, permitida ou não apenas após a aprovação de uma junta da ONU.
O acordo de Sokovia surge como a primeira fissão entre as lideranças do grupo de heróis, que aparece como divergência ideológica e vai jogando os personagens para polos distintos que melhor representam suas personalidades e pontos de vista. Isso é muito bem-apresentado pelo roteiro explorando a culpa que rodeia Tony Stark (O homem de ferro) que, ao ser confrontado por uma mãe que perdeu o filho na cidade de Sokovia, abraça o acordo como única alternativa capaz de amenizar os desastres que são consequências das atuações dos super-seres, assim como coloca em contraponto o ideal de liberdade de atuação defendido pelo Capitão América, que enxerga a submissão dos Vingadores a um grupo de políticos ainda mais perigoso do que atitudes oriundas das escolhas dos próprios indivíduos envolvidos.

No meio desse arco, no dia em que o acordo deve ser assinado, a cede das nações unidas em Viena sofre um atentado vitimando o rei de Wakanda, onde câmeras acabam por registrar a presença do soldado invernal e colocando mais lenha no conflito anunciado, dando a deixa para o surgimento de mais um personagem icônico na editora, o Pantera Negra, que surge de forma fantástica caçando o pretenso assassino de seu pai. A partir desse ponto, o filme passa a ser um filme de perseguição, onde o Capitão parte na busca de seu amigo desaparecido e acusado de terrorismo na esperança de protegê-lo e o levar em segurança para esclarecimento, enquanto o Pantera Negra o procura para vingar a morte do pai. Achei essa parte do filme bem bacana, apresentando o novo herói como um personagem obstinado e implacável, o uniforme do Pantera está muito fiel aos quadrinhos e seu estilo de luta (mesmo sem o uniforme e acessórios) empolga bastante, o cara é imponente e de todos que estavam presentes na tela é o que mais mereceu o meu respeito durante as quase duas horas e meia de filme.

O Soldado Invernal é capturado depois da citada sequência de perseguição e levado às instalações de segurança das nações unidas. É lá que o vilão que aparece aos poucos em cenas que se intercalam com as dos conflitos internos do grupo de heróis se mostra pela primeira vez aos mesmos. Infiltrado como o psicólogo que faria a avaliação de Bucky Barnes (o soldado Invernal) ele utiliza uma sequência de palavras que servem para forçar o amigo do capitão voltar ao estado de obediência dos tempos de assassino da Hidra, pede o relatório da missão de 16/12/1991 e solta o detento na instalação mais programado para matar que o Schwarzenegger. Depois de várias confusões e de uma atuação ninja do Pantera Negra sem uniforme, o soldado invernal é capturado pelo Capitão América e pelo Falcão e, quando questionado sobre o que o misterioso vilão queria, informa que não é o único soldado invernal, revelando que em uma instalação na Sibéria outros sete assassinos de elite se encontram em hibernação aguardado o comando para voltar à ativa; a partir desse momento tornasse prioridade do Capitão e seus aliados, deter as supostas intenções do inimigo que se apresentou, enquanto que para o homem de ferro e a junta de segurança da ONU, a recaptura do soldado invernal passa a ser caso de segurança pública e cumprimento da lei.

Depois do atentado em Viena e na junta da ONU, vemos os conflitos se intensificarem, com o Capitão América recrutando novos e velhos conhecidos para o seu grupo e o Homem de ferro para o seu. Dentre esses recrutados dois se destacam mais que os outros, o Homem-Formiga para o lado do Capitão e o Homem-Aranha para o lado do Homem de Ferro. O Homem-Formiga conquista qualquer um pelo apelo cômico e pela surpresa que apresenta na cena do embate do aeroporto, suas piadas são ágeis e os diretores voltam a utilizar truques de câmera presentes no filme solo do personagem para mostrar as diferentes perspectivas do herói, sem contar com sua total falta de noção, começando com o momento onde ele é apresentado ao Capitão América. Já o Homem-Aranha aparece sem muito mistério, sendo descoberto por Tony Stark e colocando um sorriso no rosto do espectador quando escuta a tia May (linda por sinal) chamando seu nome e mostrando seu tom de humor já no primeiro diálogo sobre uma possível bolsa nas indústrias Stark, isso tudo sem deixar de dar um ar de drama e maturidade ao falar de como uma pessoa que pode fazer algo especial, pode perder alguém com quem se importa ao deixar de tomar uma atitude.

Depois do recrutamento surge o auge do filme. Quando os aliados do Capitão se organizam para partir para a Sibéria prevendo o perigo e são interceptados pelo grupo comandado pelo Homem de ferro, é quando somos presenteados por uma sequência épica de batalha envolvendo todos os Heróis. Nessa sequência é impossível não se empolgar com o estilo de luta e obstinação do Pantera Negra, ou com as tomadas de perseguição aérea do Máquina de Guerra e Homem de ferro com o Falcão, mas como já disse, é o Homem-Aranha e o Homem-formiga que roubam a cena nesse momento.
Homem-Aranha. O destaque dos destaques
O Homem-Aranha é fantástico desde o momento que surge de uniforme e pega o escudo do capitão, sua perseguição ao falcão e ao Soldado invernal é muito divertida propiciando pelo menos três cenas marcantes; a primeira quando o soldado invernal tenta dar um soco no personagem e ele agarra o braço biônico do super soldado, outra quando ele é pego pelo Falcão e começa a gritar “Você tem o direito de ficar calado” e o final da sequência, quando ele é capturado pelo drone do falcão e sai voando pela janela (de chorar de rir), sem falar na luta dele contra o capitão onde ele fala a maior verdade que alguém poderia falar ao herói: “Moço esse seu escudo não obedece as leis da física”.

O Homem-formiga é fantástico também em três cenas. A primeira é quando usa a flecha do gavião arqueiro como veículo para chegar até o Homem de ferro causar danos em sua armadura por dentro, a segunda é quando joga um caminhão em miniatura na direção do Máquina de guerra e pede para o capitão arremessar um dos discos de crescimento que ele usa como arma no caminhão, a miniatura cresce e atinge o adversário causando uma grande explosão, ao que o Homem-Formiga comenta estarrecido: “eu pensava que era um caminhão pipa!” e a terceira cena marcante é quando ele se torna gigante para favorecer a fuga do capitão, é muito bacana com ele gigantesco arremessando pedaço de aviões e chutando veículos para todos os lados, sendo derrotado apenas após a ideia do Homem-aranha de imitar o que os X-Wings fizeram contra os veículos andarilhos em “O império contra-ataca” e derrubando o gigante.
A sequência do Aeroporto termina em um tom amargo, quando visão agindo de forma distraída, acerta o Máquina de Guerra durante o voo quase matando o vingador que fazia parte de seu grupo. Com o final do embate e a fuga do Capitão e do Soldado invernal para Sibéria, o grupo que os apoiava (Falcão, Homem-formiga, Gavião Arqueiro e Feiticeira Escarlate) são detidos e mandados para uma prisão especial no meio do oceano, a Viúva Negra, que deixou a dupla de foragidos escaparem parte para a clandestinidade e o Homem de ferro passa a investigar mais afundo o atentado de Viena, descobrindo que o psicólogo mandado para avaliar Bucky havia sido morto e identificando que quem se passou por ele era um ex agente especial de Sokovia chamado Zemo, então, ciente de seu erro, ele pede informações para o aprisionado falcão e parte para Sibéria atrás de seus ex-aliados, sendo seguido à distância pelo Pantera Negra.

Pantera Negra. O cara
Na Sibéria, o Homem de ferro se junta ao Soldado invernal e ao Capitão, acreditando que o plano de Zemo é ativar os outros soldados invernais para seu beneficio próprio, no entanto quando chegam no local onde estes hibernam, todos estão mortos e vemos Zemo protegido em um buncker de onde começa a mostrar um vídeo de câmera de segurança onde é mostrado o assassinato dos pais de Tony Stark pelas mãos do Soldado invernal ( a tal missão de 16/12/91), daí em diante a porrada come solta entre a dupla de amigos e o ferroso. Enquanto isso o Pantera observa com paciência e percebe que perseguiu o homem errado, partindo ao encontro do verdadeiro assassino de seu pai e o encontrando ouvindo antigas mensagens de áudio onde sua mulher falava da ansiedade de seu filho pelo seu retorno. Acontece que tanto sua mulher, como seu filho e pai, morreram em Sokovia no final dos acontecimentos do segundo filme dos vingadores e para se vingar (ops) ele, que sabia não poder lutar de maneira franca contra os maiores heróis da terra, resolveu destruí-los de dentro para fora arquitetando um plano onde os vingadores lutassem entre eles. Após a confissão, Zemo tenta o suicídio, mas é impedido pelo Pantera Negra e levado para a junta de segurança da ONU. Enquanto isso Bucky e o Capitão se veem em combate contra um enlouquecido Homem de ferro, que recusa todos os apelos e tenta matar Bucky de todas as formar, sendo impedido apenas após o capitão destruir sua armadura, não sem antes do feioso destruir o braço biônico do Bucky “soldado Invernal” Barnes; A cena termina com o capitão levando seu amigo carregado enquanto larga o escudo para trás ao escutar de Stark que ele não era digno deste.

Qual o seu lado?
Depois de todo ocorrido e problemas resolvidos, o filme mostra a recuperação do Máquina de combate, que passa a precisar de um aparato mecânico para poder caminhar e a solidão do Visão após a evasão e clandestinidade dos vingadores e a entrega de um telefone e uma carta para Tony remetida pelo capitão e explicando que sempre estará a disposição e o filme termina com o capitão resgatando seus amigos da prisão.

Achei o filme fantástico! Diversão garantida com a dose de humor, ação e drama sob medida ao que os filmes da Marvel se propõem. Os efeitos especiais são fantásticos e as cenas de luta e perseguição de tirar o fôlego.
Achei que os irmãos Russo conseguiram fazer um trabalho tão bom quanto o feito no segundo filme do Capitão, explorando na proporção exata os personagens presentes na trama, mas sem tirar o foco dos passos do personagem que o filme leva o nome. Foi um ótimo ensaio para os dois próximos filmes dos vingadores que os irmãos dirigirão e uma bela introdução de personagens que estrelarão filmes solos pela Marvel, como o Pantera Negra e o Homem-Aranha.
O roteiro é muito bem escrito e vai em uma crescente que faz com que não se sinta que se passou quase duas horas e meia. As motivações são muito bem apresentadas e os personagens desenvolvidos, não fizeram muita questão de fazer revelações finais e isso deu mais fluidez ao filme.
Gosto de pensar que o grande vilão da trama é a situação, pois pensando assim, o filme parece ainda melhor do que é, mas se pensarmos que o grande conspirador que gerou a situação é o “Barão Zemo”, que no filme é um espião sedento de vingança e que consegue todas as informações e acessos de forma tão simples, a trama perde um pouco, pelo vilão ser totalmente esquecível e ficar à sombra do combate de liderança e força entre o Homem de Ferro e o Capitão América.
Mas mesmo um vilão fraco não é suficiente para tirar a qualidade de “Capitão América: Guerra Civil” e posso dizer que ele entrou para meu top five de filmes de Super-Heróis (onde já se encontra o segundo filme do Herói). Um filmaço que valeu cada centavo suado do ingresso e que me deu confiança em dizer que na Marvel eu confio. Agora é só esperar filmes do Pantera, Aranha e ainda esse ano Dr.Estranho, aguardando que em 2018 a guerra infinita comece.

Que venha o Thanos!!



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