Ano
passado o cinema foi invadido por um tsunami de filmes de
super-heróis e eu, como fã, me programei para assistir a todos.
Tudo começou muito bem, com "Deadpool" se coroando o
melhor e mais engraçado filme do gênero de 2016, resvalou com o
frustrante "Batman vs Superman", subiu aos céus com
"Guerra civil", mas depois foi ladeira abaixo até chegar
ao fundo do poço com "esquadrão suicida", tanto, que após
mais uma produção deprimente da DC/Warner, somada a crise que bate
sem piedade, resolvi guardar meus ricos trocados e ignorar, por um
tempo, os filmes baseados em HQ's. Mal sabia eu, que no final do ano,
a Marvel daria mais um passo certeiro na expansão de seu universo,
incluindo magia, múltiplas dimensões e universos (chupa flash),
através de um personagem pouco conhecido por mim, mas que ganhou
minha atenção depois desse filme (assim como minha torcida por uma
sequência), trata-se de "Dr. Estranho", estrelado por
Benedict Cumberbatch e dirigido por Scott Derrickson, que resolvi
assistir só agora após o lançamento do Blue Ray.
O
filme conta a história de Stephen Strange, um brilhante e orgulhoso
médico neurocirurgião que sofre um acidente de carro e acaba por
ter o movimentos de suas mãos comprometidos. Atrás de uma cura para
seu estado, ele acaba por descobrir uma possibilidade no Nepal, em um
lugar chamado Kamar-taj; é nesse misterioso lugar onde conhece o Ser
Ancião, que lhe mostrará que todo seu conhecimento não passa de um
grão de poeira em múltiplos universos de possibilidades e o
ensinará as artes místicas para que ele abra sua mente e ajude a Ordem dos magos a defender nossa dimensão. Mas o que Dr. Strange não
sabe é que apoiados por entidades cheias de ganância e malícia, um
grupo de dissidentes da mesma ordem que o acolheu, pretende destruir a
proteção de nosso mundo e abrir uma porta para joga-lo na dimensão
negra, restando ao Doutor a missão de superar a si mesmo e, junto de
seus amigos, por fim na ameaça.
Ok,
eu sei que me empolguei na sinopse, mas é que fiquei muito surpreso
e contente com que a Marvel conseguiu me apresentar com o filme do
personagem; não que eu conheça muito sobre ele, na verdade tudo que
li do Dr. Estranho foi uma história aleatória em formatinho, do
tempo que a Marvel era publicada pela Abril jovem (chuta uns trinta
anos atrás), ou algumas pontas do personagem em arcos como a guerra
infinita e nunca imaginei que ia assistir a um filme do herói, mas o
certo é que Gosto muito quando um personagem ,baseado em HQ, que eu
conheço pouco, chega ao cinema e depois que assisto ao filme, fica a
vontade de ler suas histórias para conhecer mais daquele universo, e
isso não acontecia comigo desde os "Guardiões da Galáxia.
Embora
o filme não fuja da receita Marvel presente em todos seus treze
filmes anteriores do selo, Dr Estranho consegue, de certa forma,
inovar por, além de apresentar seu universo místico, mas que não
desrespeita os conceitos mostrados nos filmes anteriores, flertar
também com o terror cósmico, além de entregar boas doses de humor
e efeitos especiais de cair o queixo. O mérito por esse tempero a
mais é do diretor Scott Derrickson, que é uma figura carimbada do
cinema de terror, sendo responsável por filmes como "O exorcismo
de Emily Rose" e " Livrai-nos do Mal" e que além de
dirigir, também foi um dos responsáveis por roteirizar o longa.
Junto
do talento do diretor, soma-se como responsáveis pelos bons momentos
proporcionados pelo filme, a força do elenco do longa.
Protagonizando o filme, temos o cara do momento, Benedict
Cumberbatch, que vem se tornando figurinha carimbada, não somente no
que se refere a cinema de qualidade , como também em produçõe
para TV, como "Sherlock Holmes", fato que vira uma piadinha
dentro do filme. como par romântico do personagem, mas que fica
longe da ideia de mocinha em perigo e acaba mesmo salvando o
protagonista, temos Rachel McAdans, interpretando a Dra. Palmer, que
embora fique em segundo plano na história, tem momentos bem
marcantes, logo após o acidente que destrói as mãos do Dr Stephen;
Sem falar em Tilda Swinton, como a Anciã, que tem, com o
protagonista, um dos diálogos mais bonitos presentes em um filme de
super-heróis que já vi e Chiwetel Ejiofor, como o inflexível e reto
Barão Mordo, que é trabalhado o filme todo para nos ser apresentado
na cena pós crédito como vilão da sequência da história, e não
nos esquecemos de Mads Mikkelsen, outro ator que parece ter se
tornado onipresente em todos filmes que assisto e que interpreta o dissidente Kaecilius; Todos atores extremamente a vontade e parecendo
se divertir com a produção que participaram, coisa que contribui
bastante para a aceitação e sucesso de um filme.
Além
de tudo que já foi falado, o filme possui uma qualidade técnica fantástica, com uma identidade visual maravilhosa. Os efeitos
visuais de Dr. Estranho, embora já tenham sido apresentados em
filmes como "Inseption", fazem toda diferença na história,
dando todo uma ar de psicodelismo e viagem dimensional que quase foge a compreensão de quem está assistindo. Assim temos muitos efeitos caleidoscópio, brincadeiras com luz e sombra, abuso das cores,
cenários gigantescos se partindo e se dividindo ao infinito em cenas
que merecem elogios à produção e um lamento da minha parte, que
não vi o filme no cinema.
Mas
embora tenha gostado muito do filme, um fato que me incomodou um
pouco, foi a extrema semelhança com o primeiro filme do Homem- de
-Ferro. Para começar temos dois cientistas arrogantes e
egocêntricos, geniais no que fazem, que são obrigados a procurar
uma alternativa para suas vidas depois que um acidente os deixa quase
sem opção, Ambos possuem um par romântico que, embora não
esqueçam deles, se apresentam como independentes, os dois possuem
amigos que os contestam (Tony Stark tem Rhodes e Dr. Strange tem
Mordo) e os dois filmes possuem vilões de pouco carisma, sendo
quase esquecíveis. Outro fato é que o visual dos dois personagens é
bem parecido, com ambos usando um cavanhaque, sem contar que os dois
atores que protagonizam os dois filmes, já interpretaram Sherlock
Holmes. O que salva o filme de não se passar por uma espécie de
reboot, além do fato que, em homem de ferro, a história se
direcione para tecnologia e em Dr. Estranho o caminho seja a magia, é
o carisma do personagem e a competência do roteiro, que conseguiu
trazer para o cinema um super-herói que eu acha inadaptável.
Pois
bem, "Dr. Estranho" é um ótimo filme e traz tudo o que o
selo de qualidade Marvel tem como marca, é divertido, empolgante,
engraçado e cheio de ação, tanto que salvou o final do ano dos
filmes de Super-heróis depois das resvaladas da DC. O filme
conseguiu tornar visível um personagem dos menos conhecidos da
editora e isso não é pouca coisa, mostrando a força da Marvel
studios. Fica agora, a torcida pela sequência do longa , apresentado
na segunda cena extra, que terá um vilão que foi muito bem
trabalhado por todo esse filme, além da expectativa com o próximo
filme dos estúdios, que a primeira cena extra nos apresenta quando
coloca frente a frente o Dr Estranho e o Thor. Então, que mais um
tsunami de filmes de super-heróis venha nesse 2017, só esperando
que dessa vez, com quatro filmes com o Carimbo dos estúdios Marvel, a
empolgação se mantenha até Dezembro.
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