quarta-feira, 30 de agosto de 2017

CÃES SELVAGENS (Dog eat dog) 2016


 Troy, Diesel e Mad Dog são três ex-detentos a pouco saídos de San Quentin que sonham em dar um último grande golpe. A oportunidade surge quando o Grego, um pequeno mafioso conhecido de Troy, encomenda a eles o sequestro do filho de um rival que deve dinheiro a um de seus associados; com certa relutância, mas pensando no dinheiro, o grupo aceita o trabalho e a partir daí todo o caos que sempre os cercaram toma suas vidas por completo.

   Assim é “Dog eat dog” de 2016, ou como ficou chamado na terra das mineradoras nas reservas florestais, “Cães selvagens”, filme baseado no livro homônimo lançado em 1995 do escritor (e ex-presidiário) Edward Bunker, que ficou mais conhecido por sua participação especial no filme “Cães de Aluguel” do diretor Quentin Tarantino , no papel de Mr. Blue, e , tem como diretor e roteirista Paul Schrader, conhecido por roteirizar grandes clássicos dirigidos por Martin Scorsese, como “Táxi Driver”, “Touro Indomável” e “A última tentação de Cristo” e que ainda faz uma pequena participação interpretando o mafioso Grego.

   Essa mistura dá todo um estilo à produção que consegue unir cenas de violência crua a momentos de puro sarcasmo e humor. A montagem e fotografia do filme lembram além de Tarantino, em muito os primeiros filmes de Guy Ritchie, pela agilidade e por abordar o pequeno sub-mundo e seus atores semi-profissionais. Já as atuações, na medida em que o filme permite, são muito bacanas, começando por Willem Dafoe que interpreta Mad Dog e que além de parecer um maluco (como sempre) nos proporciona uma das cenas de abertura mais viscerais e violentas dos últimos anos, nos mostrando com que tipo de gente que a história vai tratar; Outro que surpreende é Nicolas Cage, que consegue fugir de seus últimos papéis entregando um sutil, almofadinha e violento Troy que, em oposição ao personagem de Dafoe, começa morno e fecha o filme com um banho de sangue.



   Infelizmente, mesmo sendo roteirizado por um mestre e claramente inspirado no estilo de grandes diretores, o filme se perde dentro de si, não sendo possível perceber no decorrer da produção, o que realmente os personagens querem e as consequências mais profundas de seus atos. Precisei recorrer a sinopse do livro (pois não o li) para entender o que realmente movia os personagens e qual suas intenções no primeiro momento, acabando por descobrir, que no livro, a ideia do grupo de criminosos era aplicar golpes em traficantes, agiotas e bookmakers, pelo fato destes não poderem procurar a ajuda da lei para os proteger (daí o nome da história: "cão come cão"!), algo que é mostrado de relance no inicio do filme, mas que parece tão solto na história quanto a última conversa entre os personagens Diesel e Mad dog, que é do nível de uma novela do mesmo canal que passa Chaves.


   Mas mesmo com seus defeitos, “Dog eat dog” é um filme corajoso por suas cenas de violência, onde nem crianças nem velhos são poupados e pelo estilo misturado que causa uma estranheza divertida e certa nostalgia por filmes mais focados na história e não em efeitos especiais ou as atuações mais dramáticas e sérias do mundo, garantindo sensações que resultam em boas risadas, caretas de dor e paralisia por constrangimento, três ingredientes essenciais para fãs de cinema, sejam estes selvagens ou nem tanto.



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